Santo Estevão, o protomártir.

Estevão era um homem que fazia parte da primeira comunidade cristã de Jerusalém. Ele foi um dos sete eleitos pelos Apóstolos de Cristo para se tornar um Diácono, que são “homens acreditados, cheios de espírito e de sabedoria"(Atos 6:3) incumbidos de pregar para as pessoas de Jerusalém.

Ele era de origem judaica e tinha um profundo conhecimento sobre os livros sagrados. Era um homem piedoso e de fé ardente. Como diácono, além de pregar a doutrina de Jesus junto com os apóstolos, também era responsável por fazer a distribuição das esmolas dadas ao povo de Jerusalém.

Conforme a Sagrada Escritura, Santo Estevão era capaz de realizar grandes milagres. “Estêvão, cheio de graça e fortaleza, fazia grandes prodígios e milagres entre o povo” (At 6,8).

Em Jerusalém, ainda imperava a lei antiga, que era ensinada nas escolas da cidade. A sabedoria e o conhecimento com que Estevão pregava, porém, faziam com que um grande número de pessoas se convertesse para a religião de Cristo, o que fez com que surgissem ataques à sua pessoa em nome da antiga tradição.

A partir disso, alguns judeus foram incumbidos de espalhar entre o povo que Estevão estava blasfemando contra Deus e afirmando que Jesus ia os destruir e mudar as tradições ensinadas por Moisés. Levado ao Conselho de Jerusalém, foram-lhe apresentadas as falsas acusações, comprovadas por falsas testemunhas

Quando o povo observou o semblante de Estevão, para ver as impressões que as acusações lhe causavam, se surpreenderam por não encontrarem tristeza ou medo. Pelo contrário, todos viram um rosto resplandecente, como o de um Anjo.

Após ser acusado, diante da eminente sentença, Estevão não considerou abdicar de sua fé para que lhe poupassem a vida. No lugar disso, proferiu um longo e enérgico discurso, que foi documentado no capítulo VII dos Atos dos Apóstolos.

Em sua fala, Estêvão repassou toda a história hebraica e provou que não blasfemara contra Deus, nem contra Moisés, nem contra a Lei. Isso teria sido o bastante para convencer o Conselho e sair livre, mas ele prosseguiu em seu discurso e passou a pregar a palavra de Cristo. Ele também acusou os judeus de resistirem ao Espírito Santo e de assassinarem o profeta enviado por Deus, conforme narrado nos Atos dos Apóstolos:

“E vós, homens de dura cerviz e de corações e ouvidos incircuncisos, vós sempre resistis ao Espírito Santo: assim como foram vossos pais, assim sois também vós. A qual dos profetas não perseguiram vossos pais? Mataram aos que anunciavam a vinda do Justo, que acabais de trair e do qual fostes os homicidas, vós que recebestes a lei por ministério dos Anjos e não a guardastes”.

Tomados de raiva, os membros do conselho e demais presentes reagiram contra as acusações, enquanto Estevão elevava seus olhos aos céus durante uma visão divina: “Eis que estou vendo os céus abertos, e o Filho do homem sentado à direita de Deus”.

As consequências de seus atos foram drásticas, conforme as tradições da época. Ele foi levado para fora da cidade e apedrejado enquanto orava e clamava:

“Senhor Jesus Cristo, recebei o meu espírito”

Beirando a morte, Estevão seguiu o exemplo de Cristo e clamou pelo perdão de seus acusadores: “Senhor, não lhes imputeis este pecado”. E tendo dito isto, adormeceu no Senhor” (At 7).

Santo Estevão se destacou por sua pureza, zelo apostólico e amor ao próximo, que pode ser exaltado em suas preces em prol dos próprios assassinos. Suas orações foram as responsáveis pela conversão de inúmeros fiéis, como São Paulo, por exemplo. Dizem que ele, antes chamado de Saulo, estava entre os acusadores de Estevão, mas que se convertera após ouvir suas palavras. Santo Agostinho não hesita em atribuir à oração de Santo Estevão a conversão de Saulo:

“Se Santo Estevão não tivesse rezado, a Igreja não teria um São Paulo”.

Sua história, que lhe rendeu a alcunha de protomártir, o primeiro mártir do cristianismo, é inspiradora e ensina que nem a própria morte pode abalar a fé em Cristo.

Santo Estêvão

Estevão era um homem que fazia parte da primeira comunidade cristã de Jerusalém. Ele foi um dos sete eleitos pelos Apóstolos de Cristo para se tornar um Diácono.

Criador: Carlo Crivelli - Direitos autorais: © The National Gallery, London

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